Meu estilo é clássico…

Eis que um belo dia, o HD do meu laptop Dell Vostro 1400 resolveu ficar cheio de “badblocks” nos lugares errados, e eu vi que já era hora de trocar de máquina.

Comprei um notebook Dell Vostro 3550 e parti para instalar o meu bom e querido Ubuntu, companheiro de tantas horas.

Eu estava usando no notebook antigo o Ubuntu 10.04, a última a versão LTS (Long Term Support) do Ubuntu, mas no Vostro 3550 eu já estava prevendo que teria que instalar uma versão mais nova.

O problema é que a versão disponível no site era a 11.10, apelidada de Oneiric Ocelot (em breve teríamos uma nova versão LTS, ou long term support, mas eu não podia esperar). Eis que enchi-me de coragem, e instalei o 11.10, no meu laptop novinho cheirando a isopor e plástico, recém retirado da caixa, sem boot duplo, sem máquina virtual, sem medo de ser feliz: formatando o Windows 7 configurado de fábrica e instalando um Ubuntu desconhecido.

Como sempre a instalação do Ubuntu me surpreendeu positivamente e desta vez com maior sucesso até que no meu laptop antigo.

Placa de vídeo foi reconhecida sem problemas (ATI Radeon), bluetooth funcionando direitinho, wi-fi funcionando direitinho, drives de cartões de memória, teclado, teclas de atalho, tudo redondinho.

A surpresa maior mesmo ficou para a nova interface gráfica do Ubuntu e algumas mudanças, ao meu ver radicais, que me deram um pouco de dor de cabeça ao migrar do Ubuntu 10.04 para o Oneiric Ubuntu 11.10.

Em primeiro lugar, no lugar do Gnome como interface gráfica tem-se o Unity. Para quem estava acostumada a usar a interface clássica do Gnome, esta foi uma mudança radical difícil de engolir. Com uma barra de atalhos do lado esquerdo, e poucos recursos de otimização o acesso aos aplicativos e a visualização de quais janelas estão rodando ficou totalmente diferente.

Outra mudança da qual não gostei foi que a substituição do Synaptic pelo Ubuntu Software Center. Para quem já leu meus outros posts sabe que uso intensivamente o Synaptic, e nem de longe o Ubuntu Software Center, com seus ícones bonitinhos e suas descrições pobres iriam me satisfazer.

Finalmente, o cliente de email default, integrado ao ambiente Desktop deixou de ser o Evolution para ser o Thunderbird.

Com tantas mudanças, não é preciso dizer que perdi pelo menos uma semana tentando voltar a trabalhar no ritmo que eu me encontrava anteriormente.

De cara, odiei o Unity. Isto porque, ao observar sua interface gráfica, dá vontade de enfiar o dedo na tela para se fazer o que se deseja. Ou seja, o Ubuntu está de maneira óbvia focando no mercado de dispositivos com tela touch screen. Mas e os usuários desktop que só desejam trabalhar de maneira eficiente e produtiva e não ficar ouvindo música ou assistindo vídeos e jogando o dia inteiro?

A primeira providência foi instalar o Gnome Shell (pelo Ubuntu Software Center ou pelo Synaptic) e eis que o Gnome 3.0, sobre o qual se baseia a interface Unity, foi um pouco mais fácil de se acostumar mas eu estava mesmo é com saudades do Gnome Clássico. Apesar da propaganda de que ao se instalar o gnome-shell no Ubuntu 11.10 seria possível selecionar o login pelo Classic Gnome, a verdade é que ele não é verdadeiramente o Gnome ao qual estávamos acostumados e, pelo menos até semanas atrás, vinha cheio de bugs e bem mais pesado que a antiga versão.

Desiludida, e precisando urgentemente voltar a trabalhar, eu me revoltei e decidi que iria buscar uma nova distribuição de Linux. Fui para o Debian, mas a verdade é que o Ubuntu é realmente fantástico em termos de facilidade de instalação, configuração, disponibilidade de drivers e na minha opinião ainda é a melhor distribuição Linux para quem quer sair do Windows, ou não tem milhares de horas para ficar “tunando” o sistema operacional na sua máquina.

Eis então que Linus Torvalds, o pai do Linux, me deu uma luz, e ela se chama: XFCE ou Xubuntu (XFCE + Ubuntu). (Veja aqui as palavras de Linus).

Mergulhei fundo no Xubuntu e apesar de a interface gráfica XFCE ser mais simples que a do meu velho e antigo Gnome Clássico, com o tempo consegui customizá-la a contento e trabalhar com a mesma eficiência de antes. Com a vantagem do XFCE ser uma interface extremamente leve, deixando minha CPU sempre fresquinha.

Mas eis que eu havia ouvido rumores que a interface clássica do Gnome voltaria forte e funcional na versão LTS (Long Term Support) do Ubuntu 12.04, lançada na semana passada.

Como eu tinha tido uma experiência muito boa com a versão LTS antiga do Ubuntu (10.04, ou Lucid Lynx) eu mergulhei de cabeça e lá fui eu mais uma vez instalar o Ubuntu, que veio com Unity e instalar o pacote gnome-session-fallback para ter de volta o Gnome Clássico.

Mas não teve jeito mesmo. A versão clássica do Gnome na nova versão do Ubuntu, ainda que lembre a versão antiga é nitidamente apenas uma imitação. Vários crashes aconteceram nas primeiras horas de uso, e experimentei algo difícilimo de acontecer no Linux: a máquina travar totalmente! Além disso, para instalar coisas simples como o monitor de temperatura ou de atividade da CPU, é necessário usar os tais Gnome Extensions, que lembram os Add-Ons do Firefox, mas que ainda estão longe de serem fáceis de instalar e, o pior, de funcionarem sem bugs.

Resumindo: não tem jeito, agora eu vou é de XUBUNTU.

Meu estilo é clássico e gosto das coisas simples e funcionais. Ou se quiserem pensar desta maneira, já estou ficando velha.

Sinceramente acho um absurdo sem tamanho um time de projetistas simplesmente implementar mudanças radicais em interfaces gráficas, que obrigam os usuários que fizerem o update de seus sistemas tenham que reaprender a utilizá-lo de uma maneira totalmente nova. Uma coisa é você propor uma interface inovadora e lançar uma versão alternativa com esta interface ou gradualmente ir adaptando seus usuários a ela. Outra erro é você mirar, por exemplo, em dispositivos portáteis e exigir que os usuários de desktop se submetam a este novo design. Penso que as empresas que tiverem adotado Ubuntu em suas máquinas, podem enfrentar problemas a curto prazo, pois seus times de TI e suporte terão bastante trabalho para readaptar seus usuários às máquinas que tiverem que obrigatoriamente ser atualizadas.

Enfim, num mundo em que as mudanças estão mesmo sendo ditadas mais pelo que tem sucesso em se tornar moda, me parece que os projetos robustos e eficientes têm perdido cada vez mais espaço. É, definitivamente estou ficando velha…

8 ideias sobre “Meu estilo é clássico…

  1. Adriano

    Olha….. gostei do post, e vou dizer, para melhorar, eu apostei no LXDE, o LinuxMint. Ficou levíssimo, e fiz poucos ajustes. O Linux Mint tem uma versão com o Gnome bem organizado, se em muito stress, e melhor, herda praticamente tudo do ubuntu, ou seja você não se “adapta” a nova interface do Unity.
    Verifique, faça um teste, eu era amante do ubuntu, até o unity chegar.
    Meu LXDE, consome, aproximadamente, 50mb de memória contra os 340 do gnome.

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    1. xaoquadrado Autor do post

      Oi Adriano, obrigada pelo comentário (é bacana não estar num monólogo). Realmente parece que o LinuxMint está ficando popular rapidamente. Pretendo testá-lo brevemente em outra máquina que por sinal é mais antiga e com processador e memória mais limitados. Mas me parece que o futuro do Gnome é mesmo o Gnome 3, e ao ler a “visão” do pessoal do Gnome acho que podemos mesmo dar adeus ao que chamamos de “Classic Gnome”.

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      1. Adriano

        Pois é… o Ubuntu é muito bom. Porém, como você citou algumas vezes no blog pelo que li, é uma corrida pelo novo. Eu tenho buscado de forma diferente: tentar fazer mais com o que tenho, e se possível que consuma menos recursos. Pra quem usou um 386, ter um dual core por exemplo que rode uma interface super leve é maravilhoso. Não acho que mais frescuras vai melhorar meu trabalho. Ainda sou do “less is more”. Por isso sai do Gnome. Muito peso pra fazer a mesma coisa. Minha máquina usa 3% a 5% do processamento, com 2 monitores ligados simultâneos, 5 programas abertos (navegador e n abas, terminal, e outros, inclusive gráficos) pra que eu vou colocar mais entulho rodando desnecessariamente gastando energia e desgastando processamento a toa?
        Só quem usa programas gráficos (CAD, Photoshop no Linux, etc) sabe o que vale cada migalha de RAM. 🙂

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      2. Adriano

        Ahh… sobre o monólogo… desencana. Achei seu site pois estava procurando algum guia mais completo para compilar o OpenCV na minha máquina. Achei aqui, muito bem mastigado e segui o tutorial em inglês. Como achei algo bom nele, fiz questão de vasculhar as páginas e garimpar outras preciosidades aqui. A Internet é assim agora, nem todo mundo se interessa pelo que é bom: maldita inclusão digital. O Blog do vizinho com uma foto de uma nova “funkeira” com certeza tá chovendo comentários (inúteis claro….). hehehe

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  2. alessandro

    oi, li pela primeira vez teu blog(um pedaço dele) e gostei, pq eu uso xubuntu a um certo tempo, e posso te dizer q essa versao 4.8 de xfce ta mto 10, tbm nao gosto dessa interface bagunçada do unity, prefiro o funcional e ao meu ver bonito xfce
    t+

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  3. Christopher

    Eu sei que já é bem tarde para eu reviver este post, por isso peço desculpas desde já. Olha eu achei muito interessante a opinião de vocês.
    Não sou a favor da distro Ubuntu por causa do ritmo que ela avança.
    Sou apenas um aluno de Sistemas de Informação e eu vejo o sistema operacional como algo muito complexo, logo eu acho seis meses um tempo muito curto para se lançar uma nova versão, não dizendo que todos sejam obrigados a atualizarem os seus sistemas para ela, não é isso, mas eu sinto que ultimamente as distros Ubuntu estão seguindo o mesmo caminho da moda Fashion: se você não tem o mais novo então está por fora.
    O modelo de contagem das versões dá a entender que há uma evolução, mas nem sempre é isso que acontece, é como se o Ubuntu vivesse para sempre tentar “inovar” não importa o que aconteça.
    Eu gosto muito do Debian, apesar de não ser tão fanático por software livre, acredito que deve ser barato, não necessariamente livre. Acho que o Debian é feito com mais cuidado do que o Ubuntu e isso me agrada, eu sinto mais confiança nele, sei que tudo que está lá foi testado e testado muitas vezes.
    O Ubunto me decepciona principalmente com as versões não LTS, sempre acho que fizeram as pressas, não há muito comprometimento com a estabilidade e com as funcionalidades dele, é como se só a aparência importasse, nunca testei o Xubuntu ou Kubuntu, por isso nada do que eu disse se refere a estes, mas eu acho errado a abordagem com que é desenvolvido o Ubuntu. Eu não recomendaria a ninguém.

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    1. xaoquadrado Autor do post

      Oi Christopher, acho bem bacana discutirmos estas coisas. Sou obrigada a concordar com você que as recentes versões intermediárias do Ubuntu tem causado um certo descontentamento e na minha opinião, pode prevenir que usuários corporativos, por exemplo, adotem uma distribuição Linux. Mas ainda sim, acho que o Debian está no extremo oposto do conservadorismo, o que muitas vezes torna difícil até mesmo instalar o sistema numa máquina mais nova, por falta de drivers, etc. Enfim, só consegue tunar a máquina com o Debian quem está muito a fim de ficar correndo atrás de drivers e se contenta em esperar mmuuuito tempo para certos updates ficarem disponíveis. Ainda gosto muito do Ubuntu, principalmente porque ele é o sistema que eu acho que mais se aproxima do usuário comum, que não é um especialista em informática.

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