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Sempre teremos o Rock’n Roll

Este post é de opinião pessoal, longo e chato… Escrevo ele com preguiça e falta de juízo, apenas para exercitar aquilo que acho extremamente difícil de ser alcançado: coerência.

Então vamos lá… Nas manifestações de 2013 eu me manifestei abertamente a favor do movimento dos R$ 0,20 e do frescor das propostas do Movimento Passe Livre.

Logo após a PM entrar com “tiro, porrada e bomba”, a imprensa mudar de ideia e a baderna tomar conta, eu voltei a manifestar minha opinião dizendo porque eu achava que era hora de voltar para casa.

E então vieram as manifestações do último domingo e eu passei a me perguntar: afinal, qual é a minha opinião a respeito destas manifestações?

Engana-se quem um dia olhar para mim e acreditar que eu tenha fortes convicções. Eu tenho fortes valores, mas pouquíssimas convicções. Sou uma pessoa de poucas certezas e muitas dúvidas, pois procuro ponderar todas minhas fontes de informação, daí minha grande dificuldade.

O primeiro sentimento que eu tive em relação a estas manifestações foi o de perplexidade. Afinal, nunca vi tanta baixaria e nunca, nunca, nunca vou conseguir estar ao lado de quem se sente à vontade para chamar uma mulher, quem quer que ela seja, de vaca, piranha, vagabunda, etc.. Sempre achei o apedrejamento de Maria Madalena  tão cruel quanto a crucificação de Cristo, e me entristece saber que com palavras ou com pedras verdadeiras, em praça pública ou  entre quatro paredes, ele ainda aconteça cotidianamente.

Tanto maior era a minha perplexidade quanto maior era o grau de formação e o status social daqueles que se sentiam à vontade para passar adiante esses predicados. E posso afirmar: minha perplexidade foi gigante.

O segundo sentimento foi de confusão. Afinal, o que as manifestações estão pedindo? Qual é a pauta que pode ser ouvida e atendida a partir das manifestações? O que pude apurar foi:

  • Impeachment da Dilma;
  • Extinção de um partido político;
  • Uma parcela solicita Intervenção Militar.

Notem que eu não incluí na lista de pautas a reclamação contra a “Corrupção”, por considerar que esta é uma pauta difusa, que não é específica e nem mensurável. O “impeachment” é mensurável: faz-se o impeachment, atende-se o pedido das manifestações. A extinção de um partido é mensurável: extingue-se o PT e o pedido das manifestações é atendido. A intervenção militar é detectável: se ela ocorrer, as manifestações vão cessar de qualquer jeito não é???

Mas e qual é a ação que foi pedida contra a corrupção? Como vamos medir o fim dela? Notem, ninguém foi às ruas pedir a aprovação da Lei XYZ que obrigaria, por exemplo, a Petrobrás voltar a fazer concorrências públicas. Ou ninguém foi pedir por exemplo, punição exemplar triplicada para os envolvidos nos esquemas de corrupção descobertos recentemente.

Sinto muito, mas se nossa prioridade como nação é o combate à corrupção, temos que ser mais específicos e eficazes nos nossos pedidos. Sem isso, não é possível agir. Sem isso, não temos um diálogo, não existem propostas. Enfim, as manifestações serão definidas como um monte de gente reclamando em voz alta e tirando foto disso.

Sério mesmo??? É só isso que temos a oferecer?

Só me resta afirmar que, das pautas apresentadas, a única que fará sentido para mim, caso se sigam as vias normais de apuração, é a do “impeachment”. Não consigo enxergar como a extinção de um partido ou a intervenção militar resolverão algum problema.

Obviamente fica o velho sentimento que o Brasil patina. Para a economia, aplica-se os mesmos remédios de décadas passadas. No congresso, reflete-se o conservadorismo da nossa sociedade. Nas ruas, não enxergo propostas concretas, apenas o velho comportamento de reclamar do preço da gasolina com o frentista do posto. Nada de novo porque simplesmente não somos uma sociedade inovadora.

Por essas e outras, fiz no dia 15 de março de 2015 a única coisa que eu tinha certeza que poderia contribuir para um Brasil melhor: acompanhei atentamente o dever de casa da minha filha de 6 anos e os estudos para a prova de Geografia da minha filha de 9 anos.

Em tempos como esse, tão turvos quanto essa manhã cinzenta e nublada de Campinas, é bom saber que sempre teremos o Rock’n Roll para nos inspirar. Liguei o rádio pela manhã e a música que estava tocando faz parte da trilha sonora da minha vida. E a arte é mesmo uma coisa incrível pois em diferentes momentos da nossa vida ela adquire diferentes sentidos.  E é com muito amor que compartilho ela com todos vocês que compartilham sua atenção comigo.

Fiquem em Paz!

“Insanity laughs under pressure we’re cracking
Can’t we give ourselves one more chance?
Why can’t we give love that one more chance?
Why can’t we give love, give love, give love, give love, give love, give love, give love, give love?..”

Amazon: seja bem-vinda, entre e fique à vontade!

A boa notícia: há pouco mais de duas semanas a Amazon Brasil FINALMENTE passou a vender livros no Brasil. Soltem rojões!!! (Eu ainda não entendi porque tenho que cadastrar meu CPF para abrir uma conta na Amazon Brasil, mas vamos deixar isso para um outro post…)

A notícia ruim: as livrarias e editoras brasileiras (sem nenhum “espírito animal”), que há muito já sabiam que isso mais cedo ou mais tarde aconteceria, fazem o típico mimimi brasileiro: prepararam uma carta, a ser entregue aos presidenciáveis, pedindo a regulamentação do setor livreiro, onde uma das propostas que parece se fortalecer é o preço fixo para livros.

Há muito as livrarias brasileiras não satisfazem seu cliente nem em preço e nem qualidade. Ninguém mais aguenta entrar na seção infantil e só ver livrinhos da Barbie e da Disney, ninguém mais aguenta ver “livros que basearam o filme”, literatura erótica feminina, livros de vampiros, ou livros de vampiros misturados com literatura erótica feminina, além daqueles livros de auto-ajuda de autores que parecem escrever 3 livros por semana.

A cena clássica é mais ou menos assim: você entra numa livraria querendo comprar um presente para uma criança. Você pede sugestões ao vendedor e, ao invés de ele te indicar o último vencedor do Prêmio Jabuti de literatura infantil (hein prêmio com nome de tartaruga?!), ele vai te levar para um livrinho com música, texturas e pop-ups.

A Amazon é alvo de críticas em vários países, sendo acusada por várias editoras de práticas “vampirescas” de controle de preço.  Mas o ponto é que durante décadas, este controle esteve na mão das próprias editoras que hoje acusam a Amazon e o conflito que vem acontecendo é natural das inovações do mercado (veja aqui uma comparação interessante com o Wal-Mart).

No caso do Brasil, se a Amazon é canibalisa, espero que seu apetite seja ENORME.

Quando escuto histórias do tipo  “J.K. Rowling teve Harry Potter rejeitado 7 vezes”, ao invés de interpretar isso como uma história de persistência e superação, eu penso que as editoras  possuem métodos totalmente subjetivos de avaliação e que, tipicamente, tendem a publicar livros de seus “amiguinhos”, só apostam naquilo que tem 90% de chance de dar certo e empurram para a frente das vitrines das livrarias aquilo que elas querem que dê certo. Não há nenhum interesse em dar a oportunidade aos leitores de decidirem qual texto é bom ou ruim: algo que a Amazon faz de maneira muito cristalina na tela de seu computador ou no seu Kindle.

A Amazon é uma empresa inovadora em várias áreas que vão bem além da venda flexível e popular de livros, e fico muito feliz de saber que hoje, se eu quiser publicar um livro, eu posso fazer um “self-publishing” e deixar que os leitores decidam se o livro vale à pena ser lido ou não.

Para os autores é o fim dos intermediários, mas também é uma era onde ninguém mais pode contar com a promoção e o “jabá” das editoras. Em outras palavras, vamos todos TRABALHAR

Sim, a Amazon não é uma empresa filantrópica e visa o lucro. Sim, a Amazon provavelmente está adquirindo um poder grande demais… Mas cadê seus competidores? Cadê os próximos inovadores? Não é com mimimi que vamos fazer frente a algo que não tem mais volta…

Ouvi colegas defenderem que o preço fixo dos livros já é uma prática em países como a Alemanha, sendo uma estratégia para defender as pequenas livrarias e garantir que elas continuem existindo (o preço do livro é impresso na capa do mesmo). Sou capaz de admitir que essa estratégia faça sentido num país como a Alemanha, onde qualquer banca de jornal de rodoviária tem livros 100 vezes mais interessantes e baratos que a típica livraria Saraiva do Brasil (eu vi, ninguém me contou).

Mas num país com pouquíssimas bibliotecas, tão carente de educação, de dimensões continentais, com milhares de municípios sem nenhuma livraria e com preços de livros caros, chega a ser vergonhoso que essas entidades livreiras brasileiras se mobilizem em plena Bienal de São Paulo para pensarem em “regulamentação do mercado” e sugerirem preço fixo como estratégia de proteção.

Queridas livrarias e editoras, EXPLOREM NICHOS, TREINEM seus vendedores prestem serviço DE VERDADE. O mercado é enorme, vocês são incompetentes de explorá-lo.

Querida Amazon: seja bem-vinda, entre e fique à vontade!

Um quadro verde gramado

No dia seguinte ao Brasil perder de 7×1 para a Alemanha e algumas horas após a Argentina conquistar sua vaga na final, finalmente chegou o momento de eu escrever o único post que escreverei sobre a Copa do Mundo de 2014.

Ao contrário de muitos que se disseram desanimados em torcer pelo Brasil nessa Copa, minhas filhas e meus sobrinhos não permitiram que eu experimentasse essa hesitação. Desde o início eu estava decidida a torcer com a criançada, com muita alegria, pipoca e guaraná; acompanhando todos os jogos e gritando a cada gol até perder a voz. Afinal, criança não sabe o que é FIFA, não sabe quanto deve custar um estádio de futebol e, para eles, corrupção é uma palavra difícil de escrever…

Exatamente por este motivo, a parte mais triste da derrota de ontem foi ouvir pelo telefone meu sobrinho de 9 anos chorando transtornado. É lógico que nós adultos nos pusémos a socorrê-lo com todo o tipo de consolações: “É só um esporte.”, “Não vale chorar por eles, eles são milionários com passagens de retorno para a Europa já compradas.”, “Em 2018, a gente consegue.” É assim que, aos poucos, vamos ensinando nossas crianças a endurecerem seus corações pois a vida realmente não poupa ninguém das frustrações e a resiliência é uma qualidade essencial para a sobrevivência.

Mas no país da piada pronta, é possível imaginar que esta derrota massacrante seja uma lição minuciosamente planejada pelo brasileiro mais ilustre. Sim, nada parece mais apropriado que a maior sala de aula brasileira seja um campo de futebol…

E no grande gramado verde está escrito que está na hora de definirmos uma nova identidade.

E se eu entrei de verde e amarelo nesta Copa por causa da criançada, é para elas que eu escrevo nesse momento.

Queridos brasileirinhos:

  1. O Brasil não é o país do futebol. Entenda que futebol é um esporte coletivo muitas vezes emocionante e delicioso de ser jogado, mas um esporte é muito pouco para definir um país: nós temos e podemos muito mais.
  2. Continuem valorizando este e outros esportes. Não é vergonha nenhuma ter uma paixão por um esporte ou torcer por um time que perde. Porém, nunca esqueçam que apesar da essência do esporte ser a competição, a competição não justifica a falta de respeito, a malandragem e a trapaça. Vestir uma camisa não significa vestir uma fantasia que te dá o poder de diminuir outras pessoas. Aliás, NADA lhes dá o direito de diminuir outras pessoas ou ficar tirando sarro da fraqueza alheia.
  3. APAGÕES ou BRANCOS não acontecem com aqueles que treinam e estudam de maneira sistemática e disciplinada. Para os bem preparados, sempre que um grande obstáculo se apresenta, entra em jogo o HÁBITO! O hábito é aquilo que a gente faz sem nem se esforçar. Se você está habituado a se esforçar todos os dias, e se diariamente você se impõe obstáculos a serem superados, grandes dificuldades não lhe causarão PÂNICO. Seu hábito fará com que você aborde a dificuldade com tranquilidade e racionalidade. O time mal treinado conta com a sorte ou com a oração (mas a sorte é aleatória e o lugar de Deus é no coração e não nos campos de futebol).
  4. Talvez vocês estejam pensando: “eu não quero essa vida chata”: estudar, treinar, trabalhar, trabalhar, treinar, estudar. Mas não se enganem: o lazer e o prazer são bem maiores quando eles acontecem no momento certo. Lembram da historinha da cigarra e da formiga? Tente experimentar, eu lhes garanto que não se arrependerão.
  5. Não de abatam demasiadamente com derrotas e erros. Mas também não saiam rindo delas. Lágrimas demais podem turvar sua visão e risadas altas não deixarão que você escute os outros. Encare as falhas e os erros como o que eles são: uma oportunidade valiosa de aprendizado!
  6. Se esforcem para conhecer todos os cantinhos deste planeta Terra, mas saibam que o Brasil sempre será a casa onde nasceram. Continuem sempre torcendo pelo Brasil, mas lembrem-se: o filho responsável ajuda a cuidar de sua casa e de sua família e não simplesmente cruza os braços esperando que os outros façam tudo por ele!

Criançada: #JOGAPRAMIM